No universo fitness, os prejuízos que o álcool causa à construção dos músculos já são por demais conhecidos. Porém, como se sabe, as suas consequências não se resumem a isso.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde, por meio do relatório World Health Statistics, revelou que o consumo de álcool (por pessoa) no mundo é de cerca de 6,4 l, anualmente. Um número considerado alto, e que abrange todas as classes sociais em uma faixa etária a partir de 15 anos de idade.

Com relação ao Brasil, a situação também não é das melhores. Em outubro de 2016, a Fundação Oswaldo Cruz sediou o Seminário Internacional Álcool, Saúde e Sociedade. Juntamente com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e vários outros especialistas, discutiu a realidade do consumo de álcool no Brasil e na América Latina.

Um dos temas debatidos no seminário foi, justamente, o aumento de 43% do consumo de álcool (por pessoa) no Brasil entre 2006 e 2016 – um aumento que vai na contramão do que pretendia a OMS, por meio de várias metas que foram traçadas.

O problema é que, segundo a organização, o consumo excessivo de álcool mata (direta e indiretamente) cerca de 3,4 milhões de indivíduos, anualmente, ao redor do mundo (cerca de 6% do total de mortes).

E, mais que isso, pode causar quase 200 tipos de doenças diferentes, além da redução do PIB de praticamente todos os países que sofrem com o transtorno.

Como o álcool atua no corpo?

Os prejuízos do consumo de bebidas alcoólicas para os músculos têm a ver, basicamente, com a interferência na absorção das proteínas ingeridas por meio da alimentação. No entanto, para o organismo de um modo geral, o que ocorre é que, após a ingestão, o álcool sofre um processo de absorção no intestino delgado e, antes disso, no estômago.

Essa absorção depende de alguns processos metabólicos, em especial da produção de uma enzima conhecida como ADH (álcool desidrogenase) pelo fígado.

É aí que começam os problemas, pois a desidrogenase, em contato com as moléculas de álcool, transforma estas em acetaldeído e, logo após, em acetato — uma substância que, além de danificar os tecidos dos órgãos do corpo humano, ainda altera a estrutura básica das proteínas, impedindo que elas atuem, adequadamente, na construção dos músculos.

Portanto, seja pela alteração da estrutura das proteínas e aminoácidos, pela má absorção dos nutrientes, ou mesmo pela diminuição dos níveis de testosterona no organismo, o álcool sempre causa algum tipo de prejuízo para a construção dos músculos.

Como o álcool prejudica a construção dos músculos

1. Inibe a síntese de proteínas

Sem dúvida, esse é um dos principais prejuízos causados pelo álcool na construção dos músculos, pois, para a sua formação, é preciso que os aminoácidos realizem a chamada “ligação peptídica”, por meio da qual formam-se novas proteínas.

O consumo excessivo de álcool compromete em até 20% esse processo, o que torna quase inútil o consumo de proteínas por praticantes de musculação.

2. Compromete a hidratação

Como se sabe, para o ganho de massa muscular, a água é fator determinante. É por meio dela que há o envio de nutrientes e oxigênio para os músculos, além de lhes conferir elasticidade e flexibilidade.

O problema é que, no esforço para eliminar grandes quantidades de álcool, o organismo acaba eliminando, também, grandes quantidades de água.

3. Impede a absorção de nutrientes

Proteínas, vitaminas e sais minerais deixam de ser absorvidos corretamente quando há um excesso de álcool presente no organismo.

Vitaminas A, B e C, fósforo, potássio, cálcio e zinco, estão entre os nutrientes com maior dificuldade de serem absorvidos na presença do álcool.

4. Reduz os níveis de testosterona

A testosterona é um hormônio que, entre outras coisas, contribui para a síntese proteica, manutenção da massa muscular adqurida durante os treinos, além de determinar o quanto um indivíduo pode ganhar de músculos.

Logo, o consumo de álcool pode prejudicar o ganho de massa muscular, na medida em que diminui a quantidade dessa testosterona no organismo.

5. Ajuda a acumular gordura corporal

Por fim, e não menos importante, o consumo excessivo de álcool é capaz de fazer um indivíduo engordar, pelo simples fato de que 1 grama de álcool possui cerca de 7 calorias.

Isso sem contar o fato de que ele inibe várias reações metabólicas do organismo, como o TCA (ciclo dos ácidos tricarboxílicos) que, entre outras coisas, é responsável pela queima da gordura corporal.

O ganho de massa muscular exige uma série de sacrifícios, entre eles, a redução drástica do consumo de bebidas alcoólicas. Mas, como anda a sua luta contra esse hábito? Conte-nos por meio de um comentário, logo abaixo.

Referências Bibliográficas:
http://www.scielo.br/pdf/ress/v24n2/2237-9622-ress-24-02-00227.pdf
http://dssbr.org/site/2016/12/alcool-numeros-preocupam-profissionais-de-saude-publica/
http://www.alcoolismo.com.br/alerta-alcoolismo-mata-33-milhoes-de-pessoas-por-ano-no-mundo/
http://www.cisa.org.br/artigo/8300/estatisticas-mundiais-saude-2017.php
https://istoe.com.br/consumo-de-alcool-aumenta-435-no-brasil-em-dez-anos-afirma-oms/
http://www.tribunapr.com.br/blogs/andre-paje/bebida-e-hipertrofia-muscular-nao-combinam/
http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2015/09/consumir-bebida-alcoolica-diminui-recuperacao-muscular-apos-exercicio.html